GEPETO

GRUPO DE ESTUDOS SOBRE POLÍTICA EDUCACIONAL E TRABALHO – GEPETO  

O Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho (GEPETO), criado em 1995 no Programa de Pós-graduação em Educação da  Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), congrega professores e alunos do Centro de Ciências da Educação (CED) e de outras instituições de ensino superior (IES) (UDESC, IFSC, UEPA), assim como profissionais das redes públicas de ensino estadual ou municipais. A maioria dos pós-graduandos é da Região Sul, alguns de MG, PA, AM, BA e outros de Timor-Leste e Moçambique. O GEPETO recebe docentes para pós-doutorado ou professor visitante. O intercâmbio com IES estrangeiras – projetos e publicações – ampliou-se com estágios pós-doutorais e doutorado sanduíche na Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Finlândia. Participamos de projetos interinstitucionais, com pesquisadores da UFMS, Unicamp, UEL, UFSCar e UFSC, no âmbito do projeto Observatório da Educação Especial, e internacionais, com o grupo Kupoli da Universidade de Helsinque.

Nossos estudos abrangem políticas educacionais para a Educação Básica (EB) e Ensino Superior e suas modalidades (educação especial, educação profissional, educação indígena, educação a distância). Trabalhamos com o materialismo histórico como referencial teórico-metodológico e a análise de documentos oficiais, nacionais e internacionais, em especial de organizações multilaterais – Banco Mundial, OCDE, UNESCO, CEPAL, PREAL – para investigar seus desdobramentos sobre a escola e o professor.

Em 2014, tínhamos 28 projetos de pesquisa em andamento, agrupados em três blocos. O primeiro, Trabalho, Capital, Estado e Educação, problematiza a “educação a serviço do Capital” para combate à pobreza, as estratégias de controle social e as relações entre jovens, escola e emprego no âmbito da flexibilização das relações de trabalho. Analisamos programas endereçados a grupos vulneráveis, caso do Programa Mulheres Mil (IFET) e EJA, focando os sujeitos e relações dos jovens com saberes escolares e emprego em tempos de flexibilização das relações de trabalho.

O segundo investiga Ações, Programas e Políticas para a Educação Básica e o Ensino Superior para conhecer suas repercussões sobre a escola e o trabalho docente. Pesquisamos políticas relativas ao PDE Interativo, Educação Integral, políticas para escolas de assentamento do MST e Progressão Continuada. Ademais, estudamos Educação Especial, a concepção de deficiência, bem como o conceito de inclusão, amplo guarda-chuva para políticas diversificadas e focalizadas que reconfiguram o trabalho docente e a função social da escola. Investigamos a noção de “sistema de ensino” aplicada aos Sistemas Apostilados e Sistema Aprende Brasil, do Grupo Positivo. Estudamos a ideia de “sistema inclusivo de ensino” que muda a escola e o trabalho docente, favorecendo as parcerias público-privadas e a ingerência do capital na escola pública, orientada pela lógica privada e gestão por resultados. Essa perspectiva se estende ao Ensino Superior (Reuni), cuja expansão atende interesses do capital industrial nas inovações produzidas nas universidades públicas brasileiras. As IES comunitárias são exemplo da noção de “público não estatal”, oriunda da Reforma do Estado de Bresser-Pereira nos anos de 1990.

No terceiro bloco, Trabalho e Políticas Docentes: Formação, Carreira e Remuneração, estudamos “Redes regionais de políticas públicas e governança da educação”, formação de professores, Banco Mundial, Unesco, formação de professores em nível superior, presencial e via EaD. Estamos mapeando a formação docente no Governo Lula (2002/2010), as reformas nos Cursos de Pedagogia e as diretrizes da “Nova Capes” para a Educação Básica. Investigamos trabalho docente e processos de precarização e reconversão induzidos pela avaliação, remuneração e carreira docente na EB e na Educação Básica, Técnica e Tecnológica (EBTT). Damos continuidade a pesquisas realizadas sobre PDE-Escola, intensificação do trabalho docente, avaliação de desempenho docente, gerencialismo na educação, protagonismo docente, profissionalização, conceito-chave das reformas dos anos de 1990.

Do trabalho desenvolvido pelo GEPETO nos últimos anos resultaram as coletâneas Iluminismo às avessas (MORAES, Maria C. M. (Org). RJ: DP&A, 2003) e O que revelam os slogans da política educacional (EVANGELISTA, Olinda. Araraquara: Junqueira&Marins, 2014). Nesta última, discutimos os slogans: inclusão, “sociedade do conhecimento”, empreendedorismo na educação, autoajuda no projeto de Educação da Unesco, aprendizagem ao longo da vida, escola eficaz. Nossas pesquisas priorizam a análise das relações sociais de produção, reconfigurações da relação capital-trabalho e compreensão dos determinantes das políticas educacionais contemporâneas. Coletivamente temos desenvolvido metodologias:  análise conceitual de documentos; análise de redes sociais para pesquisar políticas públicas e governança; análise de micro dados do INEP feita pelo Observatório da Educação Especial e construção de mapas anamórficos.

Dedicamo-nos ainda a Atividades de Extensão com sindicatos da Rede Municipal de Ensino e ANDES/UFSC mediante publicações,  seminários, cursos de formação continuada.